" A maior solidão é a do ser que não ama. A maior solidão é a do ser que se ausenta, que se defende, que se fecha, que se recusa a participar da vida humana. A maior solidão é a do homem encerrado em si mesmo, no absoluto de si mesmo, e que não dá a quem pede o que ele pode dar de amor, de amizade, de socorro...". (Trecho de "Da solidão" por Vinicius de Moraes, poema da obra "Para viver um grande amor", 1991).
Com as sábias palavras do poetinha encontra-se o porquê de se fazer uma Expedição Missionária à Amazônia. Necessitamos nos misturar e nos doar para não cairmos em nossa própria solidão, um imenso vazio. Foram 30 dias inesquecíveis, nos quais apesar da distância das famílias e do aconchego de nossos lares, mesmo em datas como Natal e Ano Novo, aprendemos a valorizar ainda mais as relações humanas.

Saída de São Paulo
A começar pela organização dos Salesianos: impecável. Tanto de quem nos enviou, a Inspetoria de São Paulo, como de quem nos recebeu, a Inspetoria de Manaus. Éramos cinco missionários de diferentes cidades, mal nos conhecíamos, mas pudemos contar com todo o apoio e alegria necessários. Lá, o salesiano Gilson, de origem indígena também se juntou a nós. Pudemos conhecer outra realidade Inspetorial, com outras atividades e com a missão de cuidar dos salesianos de regiões bem remotas...
Após várias horas de viagem de barco, muita água e muitas árvores, tivemos o contato com os índios yanomamis. Diferente do que se imagina ou do preconceito que nos foi criado, são um povo extremamente receptivo. As crianças - hiriros - queriam andar de mãos dadas e saber nossos nomes.

Missionários sendo incorporados à cultura yanomami
Tivemos uma responsabilidade e tanto: valorizar a cultura yanomami e levar o amor de Cristo de uma maneira diferente de nossos antepassados, os quais subjugaram a inteligência e cultura deles. Os indígenas estão sempre dispostos a aprender (e aprendem com facilidade), a ouvir e participam de nossas atividades com muita garra.
Aos poucos conquistamos sua confiança e eles nos convidaram a conhecer sua cultura: língua, costumes, alimentação, comportamento, festas, danças, pinturas... Tudo muito exótico quando comparado à nossa realidade, mas muito convidativo a se conhecer.
Também tivemos o cuidado de alertá-los quanto ao perigo dos costumes de nós brancos: alguns já tomam contato nas cidades mais próximas e acabam experimentando a depressão, o vício alcoólico e tabagista e, infelizmente, o suicídio. Fomos um pouco antropologistas nessa experiência e adquirimos um novo olhar sobre quem é civilizado, sobre nossos comodismos, sobre o nosso rico meio ambiente e sobre como o amor de Deus é grande e está em todos os lugares. Em suma, uma experiência que todo missionário deveria fazer.
Na despedida todos com Gilsão e Pe. Justin
Não posso deixar de agradecer àqueles que fizeram dessa expedição um sucesso: Ana Paula, Luis Felipe, Robert, Tiago Eliomar, Gilson e um obrigada especial ao Pe. Inspetor Benjamim, Pe. Chicão, Pe. José Francisco, Ilton, Giordano, Irmão Giuseppe, Pe. Norberto, Pe. Bento e nossos mestres: Irmão Joel (Brother Joe) e Pe. Justino (Pe. Justin), que nos ensinaram o que é, realmente, ser um salesiano. Dom Bosco vive no Marauiá!
Mariana Moraes