sexta-feira, 4 de maio de 2012

“Não importa o que seja, Tu chamas-me a servir”

Nos últimos 6 meses estive em Madri, Espanha, fazendo um intercâmbio para cursar um semestre de minha faculdade lá. E é claro que, durante todo esse tempo, a hiperatividade não ficou de lado: tão logo encontrei uma casa para morar, descobri - na mesma rua - um lugar que viria a se tornar um muito especial durante essa meia dúzia de meses: a Real Parroquia de San Antonio de la Florida.


Nas minhas primeiras tardes de domingo (afinal, para o espanhol, a missa das 20h é conhecida como "la de las 8 de la tarde"), os muitos velhinhos do bairro já enchiam os bancos da igreja cuja história está muito relacionada com o famoso pintor Goya. Não demorou pra que, numa dessas tardes, uma simpática senhorinha me convidasse para fazer uma leitura. "É bom quando os jovens participam!" Não fosse a tensão de fazê-la em outro idioma, com palavras que eu nunca tinha visto na vida, tudo passou bem. Ao final da missa, o padre veio falar comigo, convidando para participar do recém-criado grupo de jovens, que discutiria sobre o Youcat - abreviação de Youth Catechism, o Catecismo Jovem da Igreja Católica.

                                   

As reuniões eram muito interessantes, e as discussões, muito boas. Comentei com o padre que eu já tinha sido catequista por quatro anos no Brasil e que há sete anos participava da pastoral. E como o grupo era um pouco heterogêneo em termos de faixa etária, e os mais novos ainda não tinham confirmado seu batismo, foi feito o convite para que eu e outro jovem mais velho do grupo montássemos um grupo de crisma. Ora, não houve muito o que cogitar, o sim já estava dito antes de eu abrir a boca. Na semana seguinte, começamos os encontros no incomum horário espanhol: domingo às 12h. Afinal, depois todos nós participaríamos da missa das 13h, junto das divertidas crianças da catequese.

                                 
                                   
O roteiro de encontros era bastante diferente do que costumava utilizar aqui, mas isso foi ótimo para dar outro ângulo à minha experiência como catequista. O desafio era falar tudo em 50 minutos! Mas devo admitir que foi também uma boa oportunidade pra melhorar o espanhol, porque responder às perguntas dos crismandos e explicar os detalhes de cada tema em outro idioma era, como eles mesmo dizem, "raro" (estranho). Mas fora as risadas geradas pelas palavras faladas de forma errada, ou pelas inexistentes derivadas do portunhol, acredito que eles tenham assimilado a mensagem.

Hoje o grupo segue firme com o outro jovem - de Madri mesmo - como catequista. Já eu, aqui, estou de volta à ativa no GAM. E a mim, o que fica é a certeza de que Deus nos chama a abrir os olhos e o coração para a missão evangelizadora que recebemos quando somos batizados, e carregamos sempre conosco. Aqui, lá, onde for... Acho que cristão não tem endereço.

João Carlos Maggiotto

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